Sobrado da rua Dom Pedro, complexo da antiga Matarazzo e prédio da escola Senac estão entre os locais preservados pelo órgão Condephaat
Com um histórico de mais de 100 anos de construções civis, Marília chega ao seu 95º aniversário de emancipação política com apenas três prédios tombados pelo acervo arquitetônico e histórico do Estado de São Paulo. Essas edificações, reconhecidas como bens culturais pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), refletem uma época importante na história da cidade.
Entre os prédios tombados estão o sobrado da rua Dom Pedro, o complexo das antigas Indústrias Reunidas Matarazzo e a escola Senac. No entanto, é importante ressaltar que o tombamento arquitetônico do complexo das antigas indústrias Matarazzo, localizado no bairro São Miguel, envolve apenas a chaminé, enquanto no prédio que abriga a unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), o mural em azulejo em mosaicos foi imortalizado pelo Condephaat.
Apesar desses esforços de preservação, outros locais de valor histórico e cultural para a população de Marília encontram- se abandonados, como parte da antiga estação ferroviária, que inclui plataforma de embarque, bilheteria e fachada.
O coreto da praça da Igreja São Miguel também se destaca como um dos últimos coretos de praças da cidade, necessitando de atenção para sua preservação.
Neste momento de celebração, é fundamental que se reconheça a importância de preservar o patrimônio histórico e cultural de Marília, garantindo que as futuras gerações possam conhecer e apreciar a rica história da cidade.
Sobrado da Dom Pedro
Localizada na rua Dom Pedro, n.º 87. Posicionada nos primeiros arruados de Marília, o imóvel da rua Dom Pedro teve sua construção concluída em 1928, sendo um dos primeiros sobrados do distrito Alto Cafezal.
“Edificada em alvenaria, no que se tornou o centro comercial da cidade, a casa marca a divisão entre a primeira ocupação de Marília, e a urbanização a partir de 1930. Este é o único exemplar de casa em alvenaria do período do Alto Cafezal ainda existente. De tudo isso resultou um exemplar imponente, significativo para o Estado, uma vez que cristaliza em seu ecletismo tardio um momento de marcha para o Oeste, revelando os valores e visões de mundo de uma sociedade em formação”, observou o Condephaat.
Antiga indústria Matarazzo: exemplo da força produtiva da cidade – Foto: Cristiano Gonçalves/JC
Chaminé da Matarazzo
Marília deve em parte o seu desenvolvimento à instalação do complexo das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM), iniciada em 1937 e concluída em 1945. Destinava-se ao beneficiamento do algodão e arroz. Aos poucos foi diversificando as suas atividades, passando, por exemplo, em 1939, a extrair o óleo da semente de algodão. Neste período já empregava cerca de 400 funcionários, moradores da cidade.
Localizada na área central, na rua Castro Alves, n.º 276, próxima à linha férrea, chegou a possuir um acesso particular, ligando a indústria à ferrovia, para a carga e descarga dos seus produtos. Em 1975, a indústria Matarazzo foi completamente desativada e as edificações, parcialmente demolidas.
Escola Senac de Marília
Inaugurado em 12 de abril de 1958, o edifício projetado pelo arquiteto Oswaldo Correia Gonçalves é exemplar representativo da arquitetura moderna paulista, baseada nos princípios do funcionalismo e racionalismo de Le Corbusier.
Localizada na rua Nelson Spielmann, esquina com a rua Paraíba, ocupando uma área útil de 646 metros quadrados, distribuídos em dois pavimentos, destina-se o térreo ao Centro Social do Sesc e, o superior, à Escola Senac. Destacam- se na edificação, além da cobertura de laje plana, sem telhado, a movimentação dos espaços com a criação de pátios e jardins, os apliques e detalhes originais, revestimentos de pastilhas e ladrilhos hidráulicos e a caixilharia, todos característicos da nova maneira de projetar.