Visitantes no Cemitério da Saudade devem chegar a 15 mil neste feriado de Finados
“Amanhã eu volto”. Com esta frase Guaracy Marques Pinto, que se fosse vivo estaria com 81 anos de idade, costumava provocar suas vítimas. Desde os 14 anos ele vinha causando sérios problemas e conflitos com as autoridades constituídas. Assaltante, vivia numa casa da rua Sergipe. Sua atuação como salteador foi de 1958 a 1964, sendo morto em confronto com a polícia. Suas invasões sutis, silenciosas e matreiras, lhe renderam o apelido de ‘Pé-de-Veludo’. Neste 2 de novembro, data de Finados, muitos dos mais de 15 mil visitantes que deverão passar pelo principal cemitério de Marília, o da Saudade, irão até a capelinha erguida em sua homenagem. Muitos contemporâneos de Guaracy ainda vivos em Marília não sabiam que ele praticava os furtos. De acordo com relatos da época, ‘Pé-de-Veludo’ não andava armado e praticava os assaltos em regiões nobres da cidade. Existem relatos que comprovam que o bandido tinha coração bondoso, principalmente com as crianças do bairro. Na época, a região onde ele crescera, a rua Sergipe, proximidade com o Yara Clube, era área periférica, onde residia pessoas carentes. A Imprensa da época noticiou o fim de Pé-de-Veludo, durante tiroteio. Atualmente, dezenas de placas com ‘Graça Alcançada’ estão fixadas na capelinha erguida em homenagem póstuma ao ‘Pé-de-Veludo’. O culto à personalidade mística do jovem, que morreu aos 21 anos de idade, começou tempos após seu sepultamento. Ele é tido como um milagreiro e um dos poucos ‘foras-da-lei’ que ganharam o perdão pelo imaginário popular.
Várias sepulturas acumulam placas de gratidão
O Cemitério da Saudade é o principal e mais antigo da cidade. Além do túmulo de Pé-de-Veludo, existem outros que concentram placas com graças alcançadas, como o do ex-prefeito de Marília, Pedro Sola – nascido em 10 de maio de 1919 e falecido em 22 de maio de 1978 – e o da menina Iracema Rufino dos Santos, morta vítima de violência aos 7 anos de idade, em março de 1953. Outra sepultura que chama atenção pela originalidade – é a reprodução de um piano – quanto pela quantidade de placas de graças alcançadas, é a do garoto Antônio Carlos. Falecido no começo dos anos de 1960, o jovem músico recebeu mais de 30 placas com gratidão por graças recebidas de fiéis.