A representatividade feminina na política mariliense vem crescendo, porém ainda está longe da proporcionalidade existente na cidade
O município de Marília já é uma homenagem à mulher, ao elevar o feminino ao símbolo maior da cidade, o seu próprio nome. Elas também são a maioria da população de 237.627 habitantes, sendo 52% 123.761 dos habitantes, quase 10 mil a mais que os 113.866 homens. Melhor, elas são a maioria dos eleitores, que do total dos 181.389 aptos a votar em 2022, 54% eram eleitoras. Mas na política, elas são apenas 45% dos 12.644 marilienses filiados em um dos partidos com diretório na cidade. São eles e elas quem decidem quem serão os candidatos nas eleições municipais, como a que ocorrerá em outubro de 2024.
A situação está mudando, mas muito abaixo do que poderia. Em 2022 o município elegeu sua primeira deputada estadual, a Dani Alonso, e em 2020 reelegeu sua primeira mulher vereadora, a Professora Daniela D´Avila. Em 94 anos de história e 20 legislaturas ou 20 eleições para vereadores e prefeitos no município a população nunca elegeu uma mulher para prefeito (Bauru elegeu a primeira em 2020) e dos 332 vereadores eleitos neste período apenas nove eram e são mulheres. Atualmente a Câmara possui duas mulheres entre as 13 vagas existentes.
FAZENDO HISTÓRIA
Para a vereadora Professora Daniela, os mesmos fatores que fazem a mulher ainda ganhar menos que o homem, que é uma cultura paternalista ainda forte e presente não só na cidade mas no Brasil e no mundo, que faz com que mulheres não consigam exercer a mesma representatividade que os homens.
“Eu fui a primeira mulher reeleita vereadora em Marília e agradeço o reconhecimento do meu trabalho pelos eleitores, mas confesso que é mais difícil para a mulher do que para o homem, pois sofremos pressões que os homens não sofrem, por preconceito ao “sexo frágil. Eu mesma fui vítima de perseguição e de pressões que se tornou público de todos que não acredito que se fosse um vereador homem teria sofrido”, disse ela.
Já a vereadora Vânia Ramos, que foi eleita pela primeira vez nesta legislatura, mas vem trabalhando forte para sua reeleição em 2024, destaca que a participação das mulheres na política é uma temática global que vem ganhando a pauta e acredito que vamos reduzir essa diferença de representatividade. Porém a realidade atual ainda não é o suficiente e muito ainda tem de ser feito”, disse.
OLHAR FEMININO
“O olhar da mulher na política é uma perspectiva única e valiosa que contribui para enriquecer o cenário político com uma diversidade de experiências preocupações e abordagens. A inclusão das mulheres na política é fundamental para a representação democrática completa e para garantir que as decisões políticas levem em consideração as necessidades e aspirações de toda a população”, completou.
Já a Professora Daniela completa que a mulher, diferente do homem, aprendeu culturalmente a ser múltipla, a ganhar seu espaço sem perder sua feminilidade e sua fertilidade. “Ela é mulher, é mãe, é trabalhadora e precisa entender que também tem de ser representante de sua população, de seu sexo, pelo bem de todos, pela defesa do olhar feminino para a sociedade”, concluiu.
O presidente de um dos partidos de Marília, o PSDB, o empresário Paulo Alves, também acredita que a baixa participação das mulheres na política não é casualidade apenas da nossa cidade.
“São vários os motivos a começar pela questão cultural onde desde instauração da República no Brasil 1889 até 1932 as mulheres não tinham o direito ao voto. A Constituição de 1988 ampliou a participação das mulheres na política mas ainda deixou várias brechas”, declarou.
PAUTA ATIVA
Já sobre os preconceitos, principalmente o mais popular deles, de que as mulheres não votam em mulheres, ele contesta. “Eu penso que as mulheres assim como os homens não essa distinção na hora do voto. Eles votam em quem tem identificação”, afirmou.
Paulo Alves ao menos afirma que o seu partido está com a pauta da feminização da política mariliense em andamento. “De pronto apresentaremos a sociedade um bom quadro de candidatos e candidatas ao legislativo em 2024, mas em paralelo estamos elaborando um projeto de longo prazo das lideranças jovens e femininas do nosso partido. Em breve mulheres e jovens comandarão a legenda municipal.
A lei eleitoral exige a participação de 30% de candidatos de sexo oposto. Nenhum partido pode se apresentar somente com homens ou apenas mulheres. Sendo assim, de 18 candidatos, 30% são obrigatoriamente de sexo oposto. No mínimo seis candidatos homens ou mulheres.