Os assuntos que fazem os marilienses ligarem para o órgão de defesa para registrar uma reclamação dos serviços municipais são sempre os mesmos: saúde, terreno sujo e buraco na rua
Desde que o município foi obrigado a manter um canal aberto de comunicação com a população, através da Ouvidoria Municipal, em 2019, que os registros das queixas evidenciam os principais serviços municipais considerados insuficientes ou falhos pela população. Há seis anos que são apontados os mesmos problemas: na atenção primária à saúde ofertada pelo município, na pavimentação asfáltica contratada para manutenção e recuperação de buracos e na limpeza e cercamento obrigatórios de terrenos baldios ou áreas não edificadas na área urbana. Foram 5.520 registros contra a Prefeitura efetuados em 2022 contra 7.708 efetuados em 2023.
A escassez de profissionais médicos e medicamentos, a persistência na falta de reparos em vias públicas e a dificuldade em garantir que os proprietários mantenham seus terrenos limpos, cercados e com calçadas e árvores plantadas são questões em destaque. Cerca de um quarto das reclamações (23,24% ou 1.792 queixas) estão relacionadas aos serviços de saúde, enquanto as demais se concentram em terrenos abandonados e vias com buracos.
O relatório anual da Ouvidoria é simplificado, apenas cita os assuntos, mas não classifica ou detalha as queixas. Mas a reclamação da saúde é uma indicação de que os investimentos ou o recurso aplicado está abaixo da necessidade real da população. A insuficiência dos serviços prestados provoca aumento na fila de espera, chegando a negar o acesso à Saúde a todos que necessitam.
A reclamação histórica do excesso de erosão do asfalto deixa explícito a falta de recursos para a devida e adequada manutenção das ruas. O resultado é maior dano aos veículos, maior risco de acidentes, onerando o morador com gastos de manutenção veicular e onerando a rede pública de saúde com os atendimentos a traumas por acidentes.
A pior situação revelada é em relação aos terrenos abandonados, que acumulam lixo, mato, insetos, animais peçonhentos e o mosquito da dengue.
A dificuldade histórica dos gestores municipais em resolver o problema esbarra apenas na gestão e fiscalização municipal. A legislação da cidade já regulamenta o abandono, com punição de multa e custeio da limpeza custodiada pelo município.
Não depende de investimentos financeiros vultuosos, apenas de vontade política para se fazer cobrar de todos os proprietários de terrenos, que mantém o local sem uso, mas não realiza a limpeza periódica e nem investe em cercamento e calçadas. A gestão eficaz deste serviço não só eliminaria uma das principais queixas da população como criaria um fundo de arrecadação de recursos com as multas dos proprietários infratores.