Sexta-feira, Novembro 01, 2024

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Abandono da Estação Ferroviária de Marília já completa mais de 20 anos

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Valor histórico do local é inestimável, já que até o nome de Marília foi escolhido para se garantir que o trem parasse pela cidade

A Estação Ferroviária de Marília está completando 23 anos de encerramento de suas atividades, após deixar de ser administrada pela América Latina Logística (ALL) em 2021. De lá para cá, foi centro de saúde, farmácia popular e hoje sem utilidade fechada.

Em avançado estado de má conservação e sem qualquer destinação de uso formal e legal previstos, o Jornal Cidade iniciou uma campanha de mobilização da sociedade pela preservação do legado histórico do local e uma série de questionamentos às entidades do município.

A primeira entidade questionada foi o Comtur (Conselho Municipal de Turismo), sobre a possibilidade do tombamento histórico do local.

Para o presidente do Comtur, Ivan Evangelista, no entanto, essa medida protetiva, para se garantir que a edificação não desapareça com o tempo, não é viável.

“Tombamento não é possível. As características originais foram alteradas e parte dos galpões foram demolidos. Propriedade da Rumo”, declarou ele.

Sem uma garantia de proteção, dependerá dos próximos gestores do município negociar com a Rumo alternativas de proteção, reforma e utilidade para a estação, que determinou o que Marília é hoje.

Em 1913, o Coronel Antônio Carlos Ferraz de Sales abriu uma estrada entre Presidente Pena e Platina. Cincinato César da Silva Braga adquiriu terras na região e plantou 10.000 pés de café e imigrantes, principalmente japoneses, italianos, espanhóis e sírios, chegaram à área.

Em 1923, Antônio Pereira das Silva e seus filhos lotearam terras para formar o povoado Alto do Cafezal. Vila Barbosa e Lácio também surgiram na região. Em 1926, Sampaio Vidal cedeu terras para a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, que inaugurou a estação de Marília em 1928, nomeada por sugestão dele, seguindo uma ordem alfabética baseada nas estações anteriores. Na época, se não seguisse a norma da companhia, a cidade não ganhava uma estação.

Sendo o ponto final do ramal de Agudos e do trecho Garça- Marília, a estação de Marília foi inaugurada no final de 1928 e, em 1941, começou a fazer parte do tronco oeste Paulista. Devido

ao crescimento exponencial uma nova e maior estação foi inaugurada em 1955 enquanto a antiga seria reformada e utilizada posteriormente pela Ferroban.

Em 2001 a estação foi abandonada pela ALL, sendo depredada e saqueada. Em Outubro de 2002 a estação foi reformada e se tornou um centro de saúde e, em 2004, o armazém se tornou uma loja de móveis e o depósito dos vagões virou um loteamento. Uma farmácia popular da Prefeitura de Marília também funcionou até 2018.

De lá para cá, a estação ferroviária encontra-se fechada. Em 2014 a Prefeitura chegou a anunciar que o local seria transformado em um centro cultural. Nada aconteceu.

PRESERVAÇÃO

Marília acabou de completar 95 anos de história e apesar de possuir construções e prédios comerciais desde o início de sua povoação, nos primeiros anos da década de 1920 (portanto, há quase um século), somente três locais são considerados patrimônios históricos e, sendo assim, seguem protegidos de demolição por Lei estadual. São tombados pelo Condephaat o sobrado da rua Dom Pedro, no centro da cidade, a chaminé da antiga indústria Matarazzo, no bairro São Miguel, e o prédio da escola Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) de Marília, ao lado da basílica de São Bento.


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