Em 2021, a microrregião de Marília, formada por 13 cidades, recebeu um total de 79 mil raios em temporais; em 2023 já ocorreram 153 mil descargas
A cidade de Marília e suas 12 vizinhas, que formam a microrregião administrativa, estão sendo mais alvo de descargas elétricas nos dois últimos anos, provocando um salto de registros que chega a 97,6% de aumento.
Enquanto as cidades haviam recebido um total de 79.038 descargas elétricas de janeiro a outubro de 2021, em igual período desse ano já chegam a 153.172 raios. Os dados são do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (ELAT/INPE).
Os registros são gerais, não se diferenciam de descargas que saem do solo para as nuvens, das nuvens para o solo ou de nuvens para nuvens. Uma estatística histórica, entretanto, demonstra que apenas 30% das descargas são entre nuvens e o solo.
Das 13 cidades desta microrregião do Estado de São Paulo, Marília é a que mais recebe descargas. Foram 19.886 ocorrências de janeiro a outubro em 2021, 35.590 de janeiro a outubro de 2022 e 37.090 em igual período desse ano.
Em segundo lugar vem Pompeia. Lá foram 12.380 descargas no período analisado de 2021, 21.088 em 2022 e 27.482 nesse ano. Depois vem Garça, com 7.240 em 2021, 16.131 em 2022 e 16.282 nesse ano. Em quarto lugar vem Echaporã, com 12.122 em 2021, 14.609 em 2022 e 13.170 esse ano.
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A força do fenômeno El Niño tem parte nessa responsabilidade pelo aumento na incidência de raios, segundo o coordenador do Elat/Inpe, Osmar Pinto Junior. “O crescimento no número de descargas elétricas tem tudo a ver com o El Niño, fenômeno que chama a atenção do mundo todo em 2023 por sua força, mas não é só isso”, explicou.
Segundo ele, ainda existem fatores como a altitude, mais propensas a descargas elétricas.
A proximidade do mar, por exemplo, com a temperatura mais estável, tende a estabilizar a atmosfera. Outro fator é a ausência de grandes fontes de água, que também possibilita maior incidência de raios”, disse.
Com relação ao aumento, Osmar Pinto Junior, ainda afirma que devido ao aquecimento do planeta a incidência de raios no Brasil deve aumentar em torno de 40% até o fim desse século.
CUIDADOS NECESSÁRIOS
O número de ocorrências com raios pode aumentar neste ano. De acordo com estudo do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), somente nos últimos dez anos foram 835 mortes e 266 hospitalizações no Brasil.
A incidência de riscos de se ferir com raios é maior sempre em pontos altos e abertos. A orientação é a de que em uma chuva com raios as pessoas devam evitar locais abertos e nunca se abrigar debaixo de árvores. Quando tiver a incidência de raios, algumas atividades laborais e esportivas devem ser interrompidas para que essas pessoas procurem um abrigo sólido.
Outro lugar no qual as pessoas precisam dobrar os cuidados são em piscinas, lagos, rios e prainhas. Em contato com a água, o risco é muito maior, porque os efeitos do raio se propagam mais rápido na água do que na terra. Por exemplo: um raio que cai a 100 metros de distância de uma pessoa dificilmente leva a choque, mas um raio que cai a 100 metros na água pode matar uma pessoa”, explica o coordenador do Elat, Osmar Pinto Junior.
COMO SE FORMAM OS RAIOS
O raio é uma descarga elétrica que ocorre geralmente durante uma tempestade entre partículas com cargas negativas nas nuvens e positivas no solo.
1- O aquecimento do ar provocado pelo fenômeno gera um clarão
2- O deslocamento do ar causado pelo aquecimento gera uma onda sonora que conhecemos como trovão
3- O para-raios atrai a descarga elétrica e a conduz para o solo, evitando estragos para a edificação
O QUE NÃO FAZER
Abrigar-se ou caminhar perto de árvores
Caminhar ou ficar parado em áreas descampadas, rodovias, ruas ou estradas
Ficar próximo a cerca de arame
Ficar próximo de veículos
Abrigar-se em áreas cobertas, que protegem da chuva, mas não dos raios, como varandas, barracos e celeiros
Utilizar equipamentos elétricos ligados à rede elétrica ou ficar perto de tomadas
Falar ao telefone com fio ou utilizar celular conectado ao carregador
Usar chuveiro elétrico
Ficar próximo a janelas e portas metálicas
Ficar próximo à rede hidráulica (torneiras e canos)
Fonte: Elat/Inpe