Quinta-feira, Maio 16, 2024

Cidade

Marília registra maior epidemia de dengue desde 2015, quando morreram 35 marilienses

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Com oito óbitos confirmados e cerca de 5 mil casos confirmados, gravidade da doença já é a segunda maior da história médica do município

A oitava morte por dengue em Marília foi divulgada no dia 17 de abril. A atualização do número de casos confirmados ainda não foi divulgada, mas já são em torno de 5 mil marilienses contaminados pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. O perigo ou alto índice de contágio não é informado, aferido através do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) pelo Índice de Breteau, então não dá para saber o potencial de risco, apenas a curva de casos, que vem abaixando, uma queda de 172 para 21 casos confirmados por semana.

Se a epidemia ficará estabilizada ou irá se arrefecer, o que deve ser difícil, a tendência é de poucas contaminações nas próximas semanas, até nova onda de chuva e calor aparecer. As duas condições climáticas podem intensificar rapidamente a transmissão.

No entanto, o ano de 2024, em apenas quatro meses, já se tornou o segundo mais perigoso da história médica registrada e disponível na Internet. A notificação compulsória, pública e obrigatória, divulgada em local de fácil acesso, pela Prefeitura de Marília, só começou a ser divulgada em 2019. Nestes seis anos de informações sobre a saúde pública da cidade, o contágio e o risco de morte só vêm aumentando.

Em 2023 foram 3.122 marilienses contaminados e cinco que acabaram morrendo por causa dos sintomas graves da doença. A queda no índice de plaquetas no sangue, as vezes imperceptível, mas com grande incidência de sangramento, do nariz, da gengiva, com aparição de manchas vermelhas pelo corpo, esconde o perigo, que é só atenuado com a hidratação na veia, por soro.

Em 2022, foram 1.041 casos confirmados, e um falecido. Em 2021 foram 2.940 marilienses doentes, mas nenhum fatal. Em 2020 foram 1.591 contágios e também nenhuma morte. Em 2019, quatro anos antes da grande epidemia, a cidade registrou 2.939 casos, mas em 12 meses de contágio e sem nenhum óbito registrado.

Ainda faltam oito meses para o ano acabar e a epidemia, por mais que tenha se enfraquecido, continua matando. Ao primeiro sinal de dor de cabeça, febre alta, dor no corpo e prostração, se deve correr para o posto de saúde mais próximo e exigir soro na veia, teste de sangue e dependendo da gravidade, internação.

Há apenas 09 anos, 35 marilienses morreram por causa dessa doença, mais de 20 mil foram contabilizados, como casos confirmados e cerca de 80 mil devem ter se contaminado.

Chamado de A Grande Epidemia, o combate foi marcado por redução de gastos nas ações preventivas, omissão de dados sobre a gravidade da doença e atraso nas ações de emergência, que só ocorreram após superlotar e incapacitar os postos de saúde, tamanha as filas de doentes.

A Prefeitura alega que está fazendo o combate adequado, com maior apoio da atenção primária e maior ação de eliminação de criadouros e de mosquitos, com fiscalização de casas e pulverização de veneno.

No entanto, a cidade possui milhares de terrenos abandonados e quase 20% de imóveis fechados, de difícil fiscalização, que apenas demonstra a dificuldade de controle sanitário de uma população com maus hábitos, que mantém entulho nos quintais, joga lixo em local proibido e não elimina direito a água parada de suas residências.

Uma pesquisa indica que o principal criadouro de dengue de uma casa fica no box do banheiro.

O uso diário mantém pequenas quantidades de líquido em frestas e trilhos de box facilitando a proliferação das larvas. Sem uma consciência generalizada de que todos, população e poder público, devem agir em conjunto e de forma disciplinada, o perigo de morte, por causa de uma picada de mosquito, continuará presente na cidade.


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